segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Tarde das Bruxas

No dia 31 fizemos uma Tarde das Bruxas, dedicada a histórias e lendas sobre bruxas.
O Sr. Augusto Serras, Sr Manuel André e a D. Conceição de Jesus, todos do Centro de Dia de Alcaravela, vieram partilhar connosco algumas histórias sobre Bruxas.

Quando eram pequenos ouviam muitas lendas, as avós e mães destes senhores, contavam-lhes muitas histórias. Dizem que agora já não se ouve falar...mas também agora o foco central é a televisão e outras coisas, já não se sentam à lareira a conversar ao serão.
As burras usavam protecção, tal como as pocilgas, porque diziam que elas podiam embruxar.

A sexta-feira pela meia-noite era altura em que as bruxas se encontravam, bailavam, riam e brincavam. Muitas das vezes iam para as hortas e bailavam em cima dos produtos semeados e plantados, que no dia seguinte apareciam pisados.

Uma vez, a filha de um dos senhores que frequenta o Centro de Dia, apareceu no sótão a chorar, foi lá deixada pelas bruxas! Se era bebé, dormia no meio dos pais, como era possível aparecer no sótão?

Uma das formas das bruxas não se meterem com os homens, era mostrar o pénis, desta forma elas iam logo embora a fugir.
Mas caso não o fizesse, elas podiam obrigar a levá-las às cavalitas até onde quisessem.
Havia uma única condição, nunca podiam revelar a sua identidade, ou algo de grave acontecia.

Se alguém deixasse uma taça de milho atrás de uma porta e a bruxa abrisse e entornasse o milho para o chão, a bruxa tinha de apanhar bago a bago até ter apanhado todo o milho. Não podia deixar nada para trás.

Também falaram das novas bruxas, bruxas-curandeiras.
Uma vez o Sr. Manuel André saiu para os seus negócios, mas não disse nada a ninguém e assim andou quatro dias. A família como não sabia dele foi a uma dessas bruxas, disse-lhes que estava vivo, e isso era verdade, acertou.

Falaram nos lobisomens também...que antigamente se falava muito nisso. Era uma sina que aqueles homens tinham. Quando saiam de casa e ao deparem-se com pegadas de animais, espojavam-se em cima delas e transformavam-se nesse animal. Afinal não era em lobo. Uma forma de quebrar o feitiço era virar a roupa das avessas...mas eles pressentiam e voltavam a casa. Podia ser perigoso tentar, podiam até matar essa pessoa. Segundo a minha avó, depois de virar a roupa ainda espetavam alfinetes.

A conversa durou o tempo previsto e muito mais havia para dizer...talvez não sobre bruxas, mas outras coisas que antigamente eram faladas.

A tradição oral é uma herança preciosa que pode perder-se com o terminar de toda uma geração cuja memória ainda está muito viva sobre esses assuntos.
A superstição, mezinhas, bruxas, lobisomens, fantasmas, etc, são temas que geração após geração eram transmitidas, agora com toda a nossa tecnologia a ocupar o nosso tempo, esta herança tem de ser preservada com urgência, para que não a perdermos para sempre.




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