quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Centro de Dia da Alcaravela

No dia 7 de Outubro os idosos do Centro de Dia de Alcaravela vieram à Hora do Conto.
  
Como esta semana comemorou-se o Centenário da Implantação da República, foram lidas algumas das histórias do livro 7x1910 Histórias da República de Margarida Fonseca Santos.
Leu-se Eu, a bandeira branca; Eu, a coroa e Eu, a varanda.
Conversou-se sobre a herança da República, a nossa actual bandeira nacional, o hino e a antiga moeda, o escudo.
Nenhum deles tinha lembranças de ter ouvido falar na implantação da República, naquela altura não era comum falar sobre esses assuntos, pelo menos nestas famílias, na sua maioria a viverem em pequenas aldeias e com grandes dificuldades económicas.
Lembraram-se logo que era costume quando eram crianças, os pais virem à Câmara Municipal trocar senhas por alimentos, como o pão. Este, mesmo que tivesse bolor era comido, claro. Todos se lembravam de ter dividido a sardinha. Uma sardinha dava para três pessoas, a zona da cabeça ia rodando, pois era aquela que tinha menos comida.

O automóvel era sinal de grande riqueza, e quem tinha esse meio de transporte era o médico. A forma de se deslocarem era a pé; para transporte de cargas, usavam as juntas de bois.
Trabalhavam na agricultura, muitos passavam os dias à picota, que era uma forma de tirar água dos poços.Todos são da mesma opinião, nenhum de nós seria capaz de aguentar um dia como o deles. Mesmo com a nossa alimentação.

O almoço era couves com feijão, às vezes com nabo, azeitonas e um bocadinho de pão, mais nada.Os mimos eram as passas de figos, mas esses eram só para dias de festa; mesmo assim, alguns lá iam conseguindo algumas passas sem que ninguém notasse.


Um dos senhores lembra-se da festa que foi quando, uma das pessoas da sua aldeia comprou uma televisão, foi pelo 13 de Maio, ao serão todos se reuniram para assistir às cerimónias de Fátima.

Ao deitar e levantar pediam a bênção aos pais. Tal como agradeciam a comida e os dias de trabalho a Deus. Todos estes idosos foram educados no seio de famílias católicas e continuam a praticar.

Todos acham que naquela altura as pessoas eram mais saudáveis; mas que agora vive-se muito melhor, a vida mudou, mas mudou para melhor.

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